Eleito em 2022 com um amplo leque de promessas, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), chega ao segundo ano de mandato enfrentando uma crescente onda de insatisfação. Cerca de 1,3 milhão de eleitores acreditaram em seu plano de governo, mas a realidade tem se mostrado distante das expectativas criadas durante a campanha. Uma das provas disso é a falta de pesquisas de opinião contratadas e divulgadas pelo governo, o que levanta suspeitas sobre os índices de desaprovação do petista.
Entre os projetos mais ambiciosos anunciados pelo governador, o hidrogênio verde parecia ser uma aposta promissora para a economia do estado. Entretanto, após intensa propaganda e investimentos milionários em viagens internacionais para supostas articulações, Fonteles deixou estranhamente de abordar o tema. Quando questionado, sua resposta se limita a um vago "estamos articulando".
Outro compromisso assumido foi a conclusão do Porto de Luís Correia, inaugurado ainda em 2013 e que, mais de uma década depois, continua inoperante. Cerca de R$ 90 milhões já foram aplicados para transformar o local em um terminal pesqueiro, mas, até o momento, nenhum barco utiliza a estrutura.
Iria criar 80 mil empregos
A promessa de geração de 80 mil empregos também permanece sem comprovação clara. O estado segue com um número maior de beneficiários do Bolsa Família do que de trabalhadores com carteira assinada, um indicativo preocupante sobre a economia local. Ao ser abordado sobre o assunto, diz apenas que ainda está no governo. Só pode, portanto, ser cobrado daqui a dois anos.
O transporte público da capital também foi pauta de campanha. Fonteles garantiu a expansão do metrô de Teresina e, para isso, assinou um empréstimo de R$ 335 milhões junto à Caixa Econômica Federal. No entanto, até agora, apenas a substituição dos trilhos por dormentes de concreto foi iniciada - e ainda assim, somente na parte inicial do percurso, no bairro Dirceu Arcoverde.
Seis facções atuam no Piauí
Na tentativa de rebater as críticas, o governador afirmou na última semana ter cumprido 75% de suas promessas de campanha. No entanto, algumas das principais propostas parecem ter sido esquecidas, como a instalação de um porto seco em Teresina, que reduziria o custo de transporte de mercadorias para a capital, e a criação de delegacias especializadas para o combate às facções criminosas que atuam no estado. O Piauí abriga atualmente pelo menos seis facções organizadas, sem uma estrutura eficaz para enfrentá-las.
Além disso, a ampliação do Corpo de Bombeiros e a atração de uma indústria de calçados para fomentar o emprego seguem apenas no discurso. A população, que confiou na plataforma de governo apresentada por Fonteles, segue aguardando a realização das promessas. (Toni Rodrigues)
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